terça-feira, 7 de abril de 2015

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Livro Recomendado pelo Plano Nacional de LeituraLeitura AutónomaEnsino Secundário Obra premiada, nacional e internacionalmente, "O Vale da Paixão" é um romance inusitado de uma autora especial. Lídia Jorge oferece-nos o retrato de uma família, por uma mulher da qual nunca saberemos o nome. "Como na noite em que Walter Dias visitou a filha, de novo os seus passos se detêm no patamar, descalça-se rente à parede com a agilidade duma sombra, prepara-se para subir a escada, e eu não posso dissuadi-lo nem detê-lo, pela simples razão de que desejo que atinja rapidamente o último degrau, abra a porta sem bater e entre pelo limiar apertado, sem dizer uma palavra. E foi assim que aconteceu. Ainda o tempo de reconstruir esses gestos não tinha decorrido, e já ele se encontrava a meio do soalho segurando os sapatos com uma das mãos. Chovia nessa noite distante de Inverno sobre a planície de areia, e o ruído da água nas telhas protegia-nos dos outros e do mundo como uma cortina cerrada que nenhuma força humana poderia rasgar. De outro modo, Walter não teria subido nem teria entrado no interior do quarto." "O Vale da Paixão" é uma das maiores obras da carreira da escritora, é um texto singular, muito diferente dos anteriores no qual a centralidade é dada às emoções que são trabalhadas profundamente, descendo ao mais íntimo das personagens. "O Vale da Paixão" é um romance centrado na figura de uma mulher que nunca surge nomeada, apenas a conhecemos como «a filha de Walter». Todo o texto é dominado pela admiração ilimitada e paixão que esta personagem nutre pelo pai
Compare-se esta peça com um sol. O poder dos seus raios tem gerado um sem-número de novas criações. Porém o centro permanece opaco e arde a temperatura inacessível. É o mais enigmático dos textos do mais enigmático dos autores. (…) Sobre esta A Tempestade há que dizer que permanece estranha aos nossos olhos e aos nossos ouvidos. E, no entanto, as suas personagens vão, com outras, no jorro da popularidade, passando pelo tempo e pelas culturas, tratadas como gente da família, com ternura e com falta de respeito. Muitos dos que conhecem Próspero e Caliban ignoram, na verdade, Próspero e Caliban. Há que voltar ao texto que, apesar de fortemente acompanhado pela História, resplandece na sua auto-suficiência, senhor de uma difícil beleza em estado bruto.» [Da Introdução de Hélia Correia]

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